Co - Herdeiros de Cristo

E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. Romanos 8:17

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

As Três Tentações



Por Richard Foster:


É impossível compreender a santidade e a virtude inerentes a Jesus sem que examinemos cuidadosamente seus quarenta dias de tentação no deserto. Somente neste único episódio podemos ver a manifestação de toda uma vida que consistia na prática da virtude.


Durante estes quarenta dias, Jesus se absteve de comida para que pudesse desfrutar ainda mais do banquete divino. Então, quando já estava pleno de recursos espirituais, Deus permitiu que o Maligno viesse até ele com três grandes tentações – tentações estas que Jesus certamente já havia enfrentado mais de uma vez em sua carpinteria, e que iria ter que enfrentar novamente ao longo de seu ministério como mestre. Entretanto, estas não foram somente tentações individuais; eram tentações que dariam a Jesus acesso às três instituições sociais mais proeminentes de seus dias – a econômica, a religiosa e a política.
A tentação econômica consistia em fazer com que Jesus transformasse pedras em pães (Mateus 4:1-4). O objetivo ia além de saciar sua fome; a tentação era fazer com que Jesus se tornasse uma espécie de padeiro glorioso que proveria “pão milagroso” para as massas. Mas Jesus sabia da inutilidade destas coisas e rejeitou a idéia de viver somente de pão. “Não só de pão viverá o homem mas de toda palavra que vem da boca de Deus” (Mat. 4:4).

A tentação religiosa consistia em fazer com que Jesus pulasse do pináculo do templo e, ao ser carregado por anjos em queda livre, receber o selo de aprovação de Deus em seu ministério. Uma espécie de aprovação divina dentro dos limites sagrados do templo certamente lhe garantiriam o caloroso apoio da hierarquia sacerdotal. Mas Jesus discerniu a tentação e confrontou de forma direta a religião institucionalizada – não somente no deserto como ao longo de seu ministério, sempre que ela se tornou idólatra ou opressiva a seus seguidores. Ele estava consciente de que “aqui está quem é maior que o templo” (Mat. 12:6).

A tentação política era a promessa de obter “todos os reinos do mundo e seu esplendor” em troca da alma de Jesus (Mat. 4:8-10). Esta tentação representava a possibilidade de um poder político a nível mundial – não apenas por meio da força, mas também por meio da glória e do prestígio de se sentar no pináculo mais alto em influencia e estatus do mundo.

Esta tentação se encaixava perfeitamente nas esperanças messiânicas daqueles dias, por um Salvador que derrubaria a opressiva ocupação dos romanos. Mas Jesus sabia que subjugar e oprimir não eram a maneira de Deus. Ele rejeitou as estruturas de poder de seus dias porque planejava demonstrar um novo tipo de poder, uma nova maneira de liderar. Servir, sofrer, morrer – estas eram as formas messiânicas de poder das quais Jesus se utilizava.

Naqueles quarenta dias no deserto, Jesus rechaçou a esperança popular judaica por um Messias que se dedicaria a alimentar os pobres,1 que usaria seus milagres para ganhar aceitação e que destronaria regimes opressores. Ele rejeitou as três instituições sociais de seus dias (e dos nossos também) – a exploração econômica, a manipulação religiosa e a opressão política.

Fonte: Streams of Living Water, pp. 8-9.
Tradução: Pão & Vinho.



É curioso observar como, ao longo da História, a Igreja sempre subumbe a pelo menos uma destas potestades de tempos em tempos.

A potestade econômica faz com que a Igreja viva unicamente em função de atender as necessidades do homem. Seu evangelho é antropocêntrico e minimalista, voltado unicamente para o bem estar do ser humano. Esta potestade se manifesta tanto por meio da Teologia da Prosperidade quanto pelo chamado “evangelho social”, com a diferença de que a primeira vertente transforma a Igreja em um balcão de negócios e a segunda em uma militância social. Arrependimento, conversão, novo nascimento e inferno são temas raramente falados.

A potestade religiosa é o espírito da política eclesiástica. Líderes influenciados por este espírito deixam de lavar os pés dos santos para lamber botas de clérigos, em busca de aceitação, prestígio e reconhecimento. Pastores que se desviam de seu chamado inicial de servir os pequeninos para tornarem-se bajuladores de homens que possam impulsionar sua carreira dentro de uma determinada instituição religiosa, tornam-se narcicistas eclesiásticos e amantes da fama. Geralmente, tais líderes usam todos os recursos que lhe são disponíveis – carisma, influência e até pessoas – de forma inescrupulosa na promoção de seus interesses.

A potestade política faz com que a Igreja troque o pano de saco pelo colarinho branco, prostituindo-se com os poderes deste mundo em troca de favores. Ao invés de influenciar a sociedade de baixo para cima com demonstrações de amor, serviço e santidade, a Igreja se vende a um partido ou ideologia política na tentativa de influenciar a sociedade de cima para baixo, por meio de poder e influência política.


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